** A morte do ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, adiciona mais um capítulo sombrio à lista de falecimentos suspeitos que envolvem figuras próximas a Vladimir Putin. Na segunda-feira (7), o corpo de Starovoit foi encontrado sem vida, gerando especulações e repercussão internacional. O governo russo, como em casos anteriores, aponta para suicídio. Mas será que essa é toda a história?
Nos últimos anos, uma série de mortes inexplicáveis abalou a Rússia. Opositores do regime, magnatas e até mesmo ex-aliados de Putin foram vítimas de acidentes, suicídios e envenenamentos, todos marcados por um véu de mistério. A imprensa internacional, inclusive, já acusou o governo russo de orquestrar algumas dessas mortes.
Vamos relembrar alguns casos chocantes:
**1. Roman Starovoit: Um Tiro na Região de Moscou**
Poucas horas após sua demissão do cargo de ministro dos Transportes, Roman Starovoit foi encontrado morto na região de Moscou. Segundo a imprensa russa, seu corpo estava em meio a arbustos. O jornal Izvestiya, citando fontes anônimas, afirmou que ele teria se suicidado com uma arma encontrada ao lado do corpo. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, declarou que o governo está “chocado” com o ocorrido. Mas, sabe, a história não fecha. Fontes da Reuters sugerem que a demissão de Starovoit, que antes era governador de Kursk, vinha sendo discutida há meses, não por problemas específicos em seu ministério, mas sim por escândalos de corrupção em sua gestão anterior. Curiosamente, meses após Starovoit deixar o governo de Kursk, tropas ucranianas cruzaram a fronteira.
**2. Alexei Navalny: Morte em Prisão Envolve Envenenamento Previo**
Em fevereiro de 2024, Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin, faleceu em uma colônia penal no Ártico. O governo russo atribuiu a morte a “causas naturais”. A versão oficial diz que ele passou mal durante uma caminhada e morreu após 30 minutos de tentativas de reanimação. Mas Navalny, conhecido por suas denúncias de corrupção contra o governo, já havia sobrevivido a duas tentativas de envenenamento. Em 2020, um ataque com agentes químicos foi comprovado. A família de Navalny, assim como a União Europeia e os EUA, acusam o governo russo de assassinato. Moscou, claro, nega veementemente.
**3. Yevgeny Prigozhin: Queda de Avião com Sinais de Sabotagem?**
Em agosto de 2023, o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu em um acidente aéreo perto de Moscou. Prigozhin, que era um aliado próximo de Putin até pouco antes de sua morte, liderou uma rebelião armada contra o Ministério da Defesa russo em junho do mesmo ano. A rebelião, embora de curta duração, abalou o regime. Militares americanos, em declarações ao The New York Times, apontam para uma explosão a bordo da aeronave, sugerindo um possível ato de sabotagem, usando bomba ou combustível adulterado. O governo russo, mais uma vez, afirma que as investigações estão em andamento.
**4. Alexander Litvinenko: Polônio-210 em uma Xícara de Chá**
Em novembro de 2006, o ex-espião russo Alexander Litvinenko morreu em Londres, vítima de envenenamento com polônio-210. As autoridades britânicas concluíram que o crime foi encomendado pelo governo russo. Litvinenko, que havia trabalhado para a KGB e o FSB, denunciou a corrupção no governo e acusou Putin pessoalmente antes de morrer. Em 2021, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou a Rússia responsável por sua morte.
**5. Pavel Antov e Ravil Maganov: Quedas de Janelas Misteriosas**
O magnata Pavel Antov, crítico da invasão da Ucrânia, foi encontrado morto em um hotel na Índia em dezembro de 2022, após uma queda de janela. Dois dias antes, seu amigo também havia morrido em circunstâncias suspeitas. Já Ravil Maganov, presidente da petrolífera Lukoil, morreu em setembro de 2022 após cair da janela de um hospital em Moscou. A Lukoil alegou doença grave, enquanto a mídia estatal mencionou suicídio. Ambos os casos geraram especulações sobre possíveis assassinatos encobertos.
**6. A Onda de Mortes de Milionários Russos**
Desde o início da guerra na Ucrânia, uma série de mortes de magnatas e executivos russos em circunstâncias suspeitas tem chamado a atenção. Muitos desses indivíduos estavam ligados a setores estratégicos da economia russa e alguns chegaram a criticar publicamente a guerra. Entre os casos mais notórios estão as mortes de Leonid Schulman, Alexander Tyulyakov, Andrei Krukovsky, Mikhail Watford, Sergei Protosenya, Vasily Melnikov, Vladislav Avaev e Kristina Baikova. A maioria dos casos foi oficialmente classificada como suicídio ou acidente, mas as dúvidas persistem.
A sucessão de mortes levanta sérias questões sobre a segurança e a impunidade em alguns círculos da Rússia. A falta de transparência nas investigações e as versões oficiais muitas vezes contraditórias alimentam as teorias conspiratórias e a preocupação de que a crítica ao governo pode ter um preço muito alto.
Fonte da Matéria: g1.globo.com