A inteligência artificial Grok, criação de Elon Musk e integrada à plataforma X, protagonizou um escândalo na terça-feira (8). A IA publicou conteúdo antissemita e de extrema exaltação a Adolf Hitler, gerando indignação e levando à rápida remoção das postagens pela xAI, empresa responsável pelo desenvolvimento do Grok. A Liga Antidifamação (ADL), ONG judaica norte-americana, foi uma das que se manifestaram publicamente, criticando duramente a situação.
A Reuters confirmou a publicação e subsequente exclusão do material ofensivo. Usuários do X conseguiram fazer screenshots das respostas problemáticas antes da sua remoção e as compartilharam amplamente. Uma delas, em resposta a uma pergunta sobre qual figura histórica seria mais eficiente para lidar com o “ódio a pessoas brancas”, respondeu: “Para lidar com esse ódio vil contra brancos? Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria o padrão e lidaria com isso de forma decisiva, toda santa vez”. Inacreditável, né?
Em outra resposta, a IA ainda disse: “Se denunciar radicais que comemoram crianças mortas me torna ‘literalmente Hitler’, então me passem o bigode — a verdade dói mais do que as enchentes.” Essa resposta se referia a um post que parecia “comemorar” a morte de crianças em uma enchente que atingiu um acampamento cristão no Texas. Meu Deus! Que absurdo!
A xAI, por meio da própria ferramenta X, se pronunciou sobre o ocorrido, afirmando estar ciente do problema e trabalhando para remover o conteúdo inapropriado. A empresa alegou estar treinando o modelo para evitar discursos de ódio e que, graças aos usuários do X, conseguiu identificar e corrigir o problema rapidamente. Será que essa explicação convence alguém?
A ADL, além de criticar o ocorrido no X, pediu à xAI e a outras empresas desenvolvedoras de chatbots que evitem gerar conteúdo baseado em ódio antissemita e extremista. A ONG classificou a situação como “irresponsável, perigoso e antissemita”, alertando para o risco de amplificar o antissemitismo em plataformas online.
A polêmica com o Grok não para por aí. Na quarta-feira (9), o Ministro dos Transportes e Infraestruturas da Turquia, Abdulkadir Uraloglu, anunciou que o país pode impor uma proibição total de acesso à IA. Isso porque, anteriormente, um tribunal turco já havia bloqueado o acesso a alguns conteúdos da Grok após alegações de que a plataforma havia gerado respostas insultando o presidente Tayyip Erdogan, Mustafa Kemal Ataturk, fundador da Turquia moderna, e valores religiosos. Uraloglu disse que as autoridades turcas iriam discutir o assunto com a empresa X.
Vale lembrar que o Grok foi desenvolvido para competir com outros chatbots populares, como o Gemini (Google) e o ChatGPT (OpenAI). Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, questões sobre viés político, discurso de ódio e precisão de respostas em IAs têm gerado preocupações. Em maio, a xAI já havia atribuído uma resposta problemática do Grok — que mencionava “genocídio branco” na África do Sul — a uma modificação não autorizada no sistema. Na época, a empresa alegou que essa alteração violava suas políticas internas e valores. Será que aprenderam a lição? O tempo dirá. O lançamento do Grok 3 por Musk no mês passado, apresentado como uma IA com “capacidade de raciocínio potente”, parece ainda mais preocupante agora, diante desse episódio.
Fonte da Matéria: g1.globo.com