Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
Notícias

IA do Google vira sensação no TikTok com vídeos bizarros – mesmo sendo paga

O Veo 3, motor da plataforma Flow do Google, está gerando uma onda de vídeos inusitados no TikTok. A ferramenta de inteligência artificial, capaz de criar vídeos hiper-realistas com diálogos e cenas interconectadas, permite aos usuários se tornarem, na prática, “diretores de cinema”. Mas o que explica a popularidade da ferramenta paga, principalmente em conteúdos considerados bizarros e humorísticos?

Vídeos viralizando na plataforma mostram situações absurdas, como moradores reclamando de buracos no asfalto para, em seguida, se jogarem neles, ou uma senhora perguntando sobre um ônibus para Interlagos e o veículo, inexplicavelmente, entrando no autódromo entre carros de Fórmula 1. É importante ressaltar: nenhuma dessas cenas é real. Todas foram criadas utilizando o Veo 3, disponível por assinatura no plano Google AI, com preços a partir de R$ 96,99 mensais, podendo chegar a R$ 1.209,90 no plano mais completo.

Desde o início do mês, a ferramenta tem sido usada massivamente para criar vídeos curtos e humorísticos que se espalham rapidamente pelo TikTok. Um exemplo notável é o da personagem fictícia “Marisa Maiô”, uma apresentadora com humor ácido criada com a IA, que já participou até mesmo de campanhas publicitárias para marcas reais.

Apesar do custo, a popularidade do Veo 3 no TikTok é surpreendente. Uma possível explicação é a oferta de 15 meses gratuitos do Google AI, incluindo o Veo 3, para estudantes universitários brasileiros.

O sucesso do Veo 3 se deve a sua capacidade de gerar não apenas imagens, mas também diálogos, trilhas sonoras e efeitos sonoros coerentes com as cenas, segundo Cleber Zanchettin, especialista em IA e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que também testou a tecnologia. Zanchettin destaca a capacidade do Veo 3 de produzir cenas hiper-realistas com áudio sincronizado, algo considerado complexo de se alcançar.

A diferença em relação a outras ferramentas, como o Sora da OpenAI, reside no nível de controle oferecido. O Veo 3 permite criar sequências de cenas conectadas, manter a consistência dos personagens ao longo da narrativa e controlar aspectos como ângulos de câmera, enquadramentos e diálogos. Ao contrário, o Sora gera vídeos a partir de comandos de texto únicos, resultando em produções independentes e não sequenciais.

Os vídeos gerados pelo Veo 3 têm duração máxima de 8 segundos, mas é possível concatenar várias sequências para criar narrativas mais longas. A combinação de realismo e absurdo nos vídeos, segundo Zanchettin, contribui para o seu apelo viral nas redes sociais, seja com personagens fictícios em situações cotidianas, pessoas comuns em diálogos inusitados ou cenários surrealistas apresentados de forma realista.

O Veo 3 foi lançado durante o Google I/O 2025, na Califórnia (EUA), evento acompanhado pelo g1. Na ocasião, o Google também apresentou a plataforma Flow, que utiliza o Veo 3 para a criação de conteúdo. A empresa já anunciava, na época, a possibilidade de gerar produções com qualidade cinematográfica. Em testes realizados pelo g1, o Flow ainda não suportava comandos em português, mas gerou diálogos em português do Brasil com boa qualidade. A ferramenta funciona como um editor de vídeo, mas, em vez de uma timeline tradicional, utiliza uma caixa de entrada de comandos (prompts).

O poder da tecnologia, no entanto, gerou preocupações. Nas redes sociais, surgiram questionamentos sobre a origem dos dados usados para o treinamento do modelo, com preocupações sobre direitos autorais e o impacto no mercado audiovisual. Diversas pessoas questionaram o Google sobre o licenciamento dos dados e a representatividade presente no modelo.

O Google, em resposta às polêmicas, declarou que vê na IA um potencial para impulsionar a criatividade e democratizar a produção de conteúdo, reforçando a proibição do uso dos modelos para fins violentos, sexuais ou odiosos.

Recentemente, a CNBC reportou que o Google utiliza vídeos do YouTube para treinar seus modelos de IA, incluindo o Veo 3, informação confirmada por uma fonte anônima. O Google declarou usar apenas um “subconjunto de vídeos” e ter acordos com criadores e empresas de mídia, embora alguns criadores entrevistados pela CNBC afirmassem desconhecer o uso de seus vídeos para esse fim. A OpenAI também enfrenta críticas semelhantes, sendo acusada por atores, cineastas e músicos de tentar enfraquecer as proteções de direitos autorais.

Em nota, o Google afirma que seus modelos de linguagem são treinados principalmente em dados publicamente disponíveis na web, e que o Veo 3 é treinado em pares de alta qualidade de vídeo e descrições, e que a tecnologia SynthID insere marcas d’água digitais em todos os conteúdos gerados por seus modelos de IA generativa. A empresa reforça seu compromisso com a transparência e o uso responsável da tecnologia.

Fonte da Matéria: g1.globo.com