O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o embate com o bilionário Elon Musk, sugerindo publicamente uma investigação do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) sobre os incentivos federais recebidos pelas empresas de Musk, incluindo Tesla, X (antigo Twitter) e SpaceX. Em publicação na plataforma Truth Social na madrugada desta terça-feira (1º), Trump insinuou que os negócios de Musk dependem de subsídios governamentais. A declaração veio horas depois de Musk sugerir a criação de um novo partido político nos EUA, o “Partido da América”, em resposta a um projeto de lei de grande impacto fiscal proposto pelo próprio Trump.
“Elon talvez receba mais subsídios do que qualquer ser humano na história, de longe. Sem esses subsídios, ele provavelmente teria que fechar as portas e voltar para a África do Sul. Nada de lançamentos de foguetes, satélites ou produção de carros elétricos — nosso país economizaria uma fortuna. Talvez devêssemos pedir para o DOGE dar uma boa olhada nisso? Há muito dinheiro para economizar!”, escreveu Trump.
A declaração de Trump ocorre após Musk ter ocupado o cargo de chefe do DOGE de janeiro a maio deste ano, período em que atuou como aliado e conselheiro do presidente. Sua nomeação, sob a promessa de corte de US$ 2 trilhões em gastos federais, resultou no encerramento de milhares de empregos e contratos.
Trump também mencionou a oposição de Musk ao que chamou de “mandato do carro elétrico”, afirmando: “Carros elétricos são bons, mas ninguém deveria ser forçado a ter um”. Em junho, Trump já havia declarado que Musk estava irritado com seu governo por conta do fim de certas políticas. O “mandato do carro elétrico” é uma referência às políticas de descarbonização e eletrificação implementadas durante o governo do ex-presidente Joe Biden, que incentivavam a produção de veículos sustentáveis nos EUA.
A publicação de Trump se insere em uma série de provocações entre ambos, desde o rompimento da aliança entre os dois. Na segunda-feira (30), Musk declarou que poderia criar um novo partido caso o Congresso aprovasse o projeto de lei de Trump, que, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, pode adicionar US$ 3,3 trilhões à dívida pública. Musk, principal financiador da campanha republicana em 2024, prometeu trabalhar pela derrota de congressistas que apoiassem a medida. As próximas eleições, que renovarão a Câmara dos Representantes e parte do Senado, ocorrerão no próximo ano.
O projeto de lei em questão inclui cortes de impostos para famílias e empresas, aumento na dedução padrão do imposto de renda, criação de deduções para idosos e trabalhadores que recebem gorjetas, ampliação de benefícios fiscais para empresas, revogação de incentivos para energia solar e eólica e novos benefícios para o carvão, além de novas regras para o Medicaid e aumento do limite da dívida pública.
A ruptura entre Trump e Musk se deu após a saída de Musk do DOGE em maio, embora Trump tenha inicialmente elogiado seu trabalho. Uma semana depois, entretanto, uma divergência pública surgiu após críticas de Musk ao projeto de lei em questão, com Trump declarando sua decepção e Musk respondendo pelas redes sociais, acusando Trump de ingratidão e afirmando que, sem seu apoio, Trump teria perdido a eleição. Trump respondeu com uma ameaça de cortar subsídios e contratos governamentais de Musk.
Fonte da Matéria: g1.globo.com