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Candeia: O Sambista Guerreiro que Faria 90 Anos

Imagine só: Candeia, um gigante do samba, completaria 90 anos neste 17 de agosto! Pergunte a qualquer expert em samba, tipo Martinho da Vila, Paulinho da Viola ou Teresa Cristina, e prepare-se para ouvir só elogios. Afinal, esse bamba carioca, engajado e talentoso, deixou uma marca indelével na nossa música. E pra celebrar essa data tão especial, tá rolando de tudo um pouco!

Tem single novo do Leo Russo com uma gravação inédita de “Preciso me encontrar”, aquele samba lindo e sofrido que fez parte do segundo álbum solo do Cartola. Olha só que maravilha! E tem mais: um showzaço das Matriarcas do Samba no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, dia 23 de agosto. Já anota na agenda, hein? E pra completar, tá chegando uma biografia escrita pelo jornalista Vagner Fernandes, que vai iluminar a vida e a obra de Antônio Candeia Filho (17/08/1935 – 16/11/1978), um dos maiores sambistas de todos os tempos.

Compositor de clássicos como “Dia de graça” (1970), “Filosofia do samba” (1971), “Luz da inspiração” (1975), “O mar serenou” (1975), “Testamento de partideiro” (1976) e “Zé Tambozeiro” (parceria com Vandinho, 1978), Candeia foi muito além de um simples artista. Ele foi uma voz de resistência, um líder. Um dos feitos mais marcantes? A fundação do Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, em 1975.

Em 1975, ano em que a voz inesquecível de Clara Nunes (1942-1983) ecoou “O mar serenou” por todo o Brasil – quem nunca cantou “O mar serenou quando ela pisou na areia / Quem samba na beira do mar é sereia”? – Candeia estava meio desiludido com a Portela, escola onde brilhou em 1952, aos 16 anos, com um samba-enredo campeão. Então, ele criou o Quilombo, pra tentar mudar as regras do jogo, trazendo as verdadeiras tradições do samba para a avenida.

O nome “Quilombo”, já diz tudo, né? Mostra o orgulho negro do bamba, a vontade de manter viva a cultura afro-brasileira, principalmente no samba. Candeia rodava pelas rodas de samba desde os anos 1950, mas sua consagração como compositor veio na década de 1970. Aposentado da Polícia Civil após um tiro em uma briga de trânsito em dezembro de 1966 – um acidente que o deixou paraplégico – ele carregava a fama de ser um cara impulsivo, às vezes violento. Mas será que essa imagem não foi uma forma de diminuir a força política de um artista consciente, que lutava por um mundo melhor, mais justo, e por um samba mais autêntico?

Pra quem quer mergulhar no universo de Candeia, a melhor dica são seus cinco álbuns: “Candeia” (1970), “Seguinte…: raiz” (1971), “Samba de roda” (1975), “Luz da inspiração” (1977) e “Axé!” (1978). Discos essenciais pra qualquer fã de samba, que resistem ao tempo, assim como a força da obra de Candeia, que atravessa gerações. Suas músicas soam como manifestos, mesmo sem serem panfletárias, posições firmes por liberdade e igualdade. Acima de qualquer ideologia, os sambas de Candeia ficaram na memória do povo. E foi esse povo, do samba e da luta, que o tornou imortal.

Fonte da Matéria: g1.globo.com